É muito comum que as pessoas fiquem se quem tem autismo é incapaz ou não. O problema é que em nosso momento atual, onde tudo vira polêmica, é compreensível que falte até a coragem de realmente perguntarmos sobre isso.
Mas hoje chegou o momento de você saber tudo sobre isso, pois a informação gera conscientização, algo muito necessário quando o assunto é Transtorno do Espectro Autista.
Por ser um transtorno que pode causar muitos prejuízos e afetar a maneira como a pessoa percebe o mundo ao seu redor, o autista naturalmente acaba ganhando um rótulo invisível de incapacidade. Mas isso é um erro grave. Continue lendo para descobrir o porquê!
Primeiramente, o que é autismo?
O Transtorno do Espectro autista é um distúrbio do desenvolvimento neurológico que afeta a capacidade de uma pessoa de se comunicar e se relacionar com os outros. Além disso, também pode levar a padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades.
Quais são os impactos do autismo em uma pessoa?
O transtorno apresenta alguns sintomas que geralmente aparecem nos primeiros anos de vida, como:
- Comportamentos repetitivos de balançar o corpo ou as mãos;
- Interesses restritos ou obsessivos em alguns tópicos;
- Hiper ou hipo-sensibilidade a estímulos sensoriais, como luzes brilhantes ou ruídos altos
Além disso, também são marcantes as dificuldades de:
- Fazer contato visual ou em responder ao olhar; das outras pessoas
- Comunicar verbalmente ou através de gestos
- Compreender o que as outras pessoas estão pensando ou sentindo;
- Estabelecer ou manter amizades;
- Interação social;
- Compreender e seguir instruções;
- Se adaptar à mudanças ou ter a rotina alterada;
Todas as pessoas com autismo são iguais?
Não! Na verdade há muita diversidade: Algumas pessoas com autismo têm dificuldade em se comunicar e interagir com os outros, enquanto outras podem ter sintomas mais leves e serem capazes de se comunicar e interagir de forma mais eficaz.
Alguns autistas podem precisar de muito apoio em suas vidas cotidianas, enquanto outros podem ser mais independentes e até terem habilidades excepcionais em áreas específicas.
Essa ampla variedade de sintomas e níveis de intensidade no autismo é o que levou ao uso do termo “espectro”. Nele, cada pessoa com autismo é única, podendo ter características, necessidades e desafios diferentes.
Mas afinal, quem tem autismo é incapaz?
A Lei Berenice Piana, de Nº 12.764, é responsável por instituir os direitos das pessoas autistas e de seus familiares. De acordo com ela, a pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais e, portanto, têm os mesmos direitos assegurados.
A pessoa deficiente era, sim, considerada incapaz na antiga legislação. Mas o Estatuto da Pessoa com Deficiência, que veio para cumprir exigências feitas pela ONU, fez alterações nisso!
A vinculação entre incapacidade e autismo também teve um fim:
Atualmente, o status de relativamente ou absolutamente incapaz foi removido e a pessoa com deficiência, bem como os autistas, são considerados totalmente capazes.
Essas mudanças legislativas garantem a pessoa deficiente o direito e a igualdade de condições com outras pessoas, de praticar atos da vida civil sem necessidade de autorização, como o casamento e a formação de união estável; exercer os direitos sexuais e reprodutivos; e muito mais. Com isso, as pessoas autistas também ganharam mais voz!
Mas não significa que tenham que fazer tudo sozinhos!
Em atos da vida civil, mesmo que sejam plenamente capazes, as pessoas com deficiência podem sentir necessidade de ter apoio para tomar algumas decisões.
Por isso, somente se quiserem, com a criação da Tomada de Decisão Apoiada, elas podem indicar no mínimo duas pessoas de sua confiança ao juiz, que terão essa função.
Assim, desde que tenha o discernimento preciso para realizar essas ações e designar as pessoas que irão auxiliá-la, o autista será apenas apoiado e manterá sua autonomia.
Considerar que quem tem autismo é incapaz, é uma forma de preconceito:
Isso acontece devido a uma suposição de que existe um padrão ideal tanto físico, quanto neurológico e quem não se encaixa, não tem condições de participar de atividades sociais.
Mas esse pensamento precisa ficar no passado, da mesma forma que aconteceu com a antiga legislação ao perceber que todos somos capazes, mesmo em nossas limitações humanas.
Todos podem ajudar a melhorar o mundo ao entenderem que as pessoas autistas são indivíduos únicos, que têm habilidades e capacidades variadas, assim como qualquer outra pessoa.
Elas podem, sim, atuar de forma ativa na sociedade, que tem sempre o papel de compreender as diferenças, respeitar, ajudá-las a alcançar seus objetivos e incluir.
Mostrar a competência de uma pessoa deficiente, ouvir e estar disposto a aprender com elas, já é um ato respeitoso. Lembre-se que o autismo é uma condição neuro divergente, e as pessoas precisam ser aceitas e valorizadas pela sua diversidade.
Você é autista? Quais preconceitos tem enfrentado?