Sabe o porquê essa fala é grave? Há coisas que ninguém te fala sobre como é lidar com o autismo leve. Uma realidade que a maioria não enxerga, a não ser quem tem convívio com TEA.
Até você, que está lendo nesse exato momento, já deve ter ouvido por aí que o autismo leve é mais fácil de cuidar e que quem tem, leva uma vida normal e até acima da média, como praticamente mostram algumas séries famosas.
Por isso desculpe pelo o spoiler, mas hoje você vai descobrir o porquê essa percepção chega a ser até ofensiva para quem realmente convive com esse transtorno diariamente.
Como funciona o autismo leve?
O que chamam de autismo leve, na verdade, é o nível 1 de suporte. Ou seja, são as pessoas que têm pouco comprometimento ou prejuízo por causa do autismo e não necessitam de tanta ajuda para as coisas comuns do dia a dia.
De forma geral, conseguem acompanhar a escola, se comunicar e futuramente se “virar” na sociedade.
Como lidar com o Autismo leve? É mais fácil de cuidar ?
Na verdade, o autismo leve é super difícil principalmente por causa da expectativa. Espera-se que a pessoa desempenhe funções sociais como qualquer outra pessoa, apenas porque é leve.
Muitas vezes, essa criança tem crises de desorganização, seletividade alimentar e respostas que são consideradas inadequadas pela sociedade. Nesse cenário, os pais são acusados de não criarem direito e a criança de ser mal educada por não ter nenhuma outra característica forte que indique o autismo.
Por ser uma criança que fala, brinca, entende os comandos e sem nenhum estereótipo, a gente tende a esperar dela um comportamento de uma criança com desenvolvimento típico e não tomamos os cuidados necessários em relação ao autismo, o que acaba sendo muito prejudicial.
Afinal, mesmo sendo autismo grau 1, essa criança tem diversas dificuldades e vai precisar de ajuda, principalmente na comunicação, que sempre vai ser um desafio do TEA.
Vale ressaltar que as mães de autistas de nível leve têm os mesmos desafios que as mães de um grau 3. Não deve-se minimizar o que sentem e as dificuldades que relatam apenas porque a criança parece ser “quase normal” aos olhos das pessoas.
Autismo leve, vida normal?
Em primeiro lugar, é interessante lembrar que talvez esse “normal” não exista na prática, pois cada um tem um jeito diferente de viver e ninguém é igual. Mas vamos lá!
Embora a pessoa possa ser até parecida com qualquer outra pela falta de sintomas clássicos e tenha características que alguns consideram tranquilas, o autismo não é algo leve.
Muitos não entendem que por trás dele há questões sérias e que algumas pessoas precisam de medicação para controlar a ansiedade, a irritação e o medo.
Como é lidar com o autismo leve?
O hiperfoco, por exemplo, apesar de ajudar nos estudos, profissões e habilidades, pode impossibilitar a pessoa de se interessar por outras coisas, ser considerada chata por falar dos mesmos assuntos e assustadora, ao dar muita atenção a alguém.
Na escola, há dificuldade na interação com professora e colegas. Além disso, é comum que tenha algumas comorbidades, como o TDAH, interferindo na concentração, e TOD, que dificulta o ato de seguir regras.
Esquecemos também que uma criança ou jovem com autismo leve está totalmente ciente de suas diferenças. Ele faz um enorme esforço, dia a dia, para esconder ou camuflar suas peculiaridades, Lara de encaixar.
É comum também que seja excluído de grupos sociais e seja muito solitário, pois mesmo que sejam pessoas “sociáveis”, há a timidez, bem como grande desafio de iniciar e continuar uma conversa ao ponto de criar uma amizade.
A dificuldade em comunicar o que está sentindo, compreender sinais de linguagem, ler expressões faciais que indiquem reprovação ou interesse, não ajuda muito. Como se não bastasse, o autista muitas vezes ainda é visto como ingênuo ou lerdo por não entender ironia, sarcasmo, piada e comentários maldosos.
Uma pessoa com autismo leve é rapidamente julgada como hostil, indelicada ou rude, por seu contato visual ruim e por ser muito direta e não filtrada, fazendo com digam coisas que podem magoar o outro sem perceber.
Além disso tudo, as questões sensoriais podem atrapalhar muito, como o incômodo com ruídos, cores, barulho e aglomeração. Fazendo com que o autista fique mais em casa e não consiga ter uma vida social ativa.
Então, apesar do que pensam, o autismo “leve” não existe, e grau 1 de suporte não significa autismo fácil ou ser menos autista. Os desafios são simplesmente diferentes e menos visíveis do que os de uma criança ou jovem com autismo severo.